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A moda chinesa homenageia sua ancestralidade com tecnologia


Foto: Reprodução/Instagram @shiyin.w


Atualmente, a China é conhecida mundialmente pelos seus avanços tecnológicos e também pela sua história riquíssima de resistência e luta. O país tem um comportamento muito nacionalista em todas as suas relações, na moda não poderia ser diferente. A tendência, em destaque nas redes sociais, protagonizada pela juventude chinesa, é a mistura do moderno com o tradicional em uma união cheia de personalidade e valorização dos antepassados. É tudo muito harmônico na aliança do passado com o presente, já que moda é atitude e reflete sentimentos e aspirações de quem veste.


Tradição ressignificada

Quem dita a tendência é a Geração Z da China, que tem como principal característica o gosto pela harmonização de tradição e modernidade. É comum na moda chinesa revisitar peças antigas, trazendo um novo significado. A ideia é misturar os dois universos, com peças, acessórios e estampas tradicionais, combinadas com jaquetas jeans, moletons e tênis de marca.

Foto: Reprodução/Instagram @zhaoxiayingxue


Zheng Qi, estilista de 39 anos do sudoeste da China, virou sensação na internet ao postar fotos usando vestidos e maquiagens inspirados em retratos da dinastia Tang, que encerrou sua supremacia na China há mais de 1.100 anos. Com exemplos como esse, fica claro o desejo de ressignificar hábitos, utensílios e acessórios de seus antepassados.


Neste contexto de valorização da história chinesa, o Hanfu, que significa "vestimenta Han", ganhou visibilidade na moda. O movimento ganha cada vez mais força e adesão, uma vez que a etnia Han compõe 90% da população chinesa e representa um resgate da identidade étnica, um sentimento nacionalista representado por vestimentas, que eram usadas antes dos exércitos manchus do norte ocuparem e governarem a China com a dinastia Qing. O Hanfu é a representação do cenário social do país com o fortalecimento de um sentimento nacional, retratado pela revista de moda Harper's Bazaar China, em uma edição especial dedicada à tendência, que ganha cada vez mais destaque na moda chinesa.

Foto: Reprodução/Instagram @shiyin.w


A força da internet

A plataforma online interativa Bilibili, também conhecida como o YouTube chinês, é um exemplo dessa busca da harmonia entre o moderno e o tradicional, onde os usuários acessam e compartilham conteúdos relacionados à paixão pela cultura chinesa, incluindo artesanato, poesia, filosofia e música. O Bilibili foi um grande impulsionador da moda Hanfu entre os jovens chineses.

O TikTok e as contas oficiais Weibo e Wechat são os canais mais populares entre os jovens, e por isso, são importantes termômetros para as tendências de moda e comportamento. O Wechat é o aplicativo móvel mais usado da China, com números impressionantes: acesso de 83% dos usuários de smartphones, 92 milhões de usuários diários e 38 bilhões de mensagens enviadas por dia. A hashtag #hanfu já conta com mais de 300 milhões de visualizações no Douyin, o TikTok chinês.


O comércio da internet também é um importante disseminador da tendência por proporcionar o alcance de fãs de cidades menores. De acordo com o Alibaba, mais de 20 milhões de pessoas compraram Hanfu no ano passado no site de compras Taobao. No ano passado, a Shisanyu, marca DTC Hanfu, fundada em 2016, liderou a lista das 10 marcas mais vendidas do site.

Foto: Reprodução/Instagram @mrbagss


Papel dos Influencers


Os influencers na China são chamados de Key Opinion Leaders (KOLS), e podem ser artistas, blogueiros e vloggers. Ou seja, pessoas com expertise ou autoridade digital em determinado assunto, personalidades como Tao Liang ou Li Jiaqi, que ditam moda e influenciam o comportamento e o consumo de outros jovens que buscam o fortalecimento de uma identidade e a sensação de pertencimento à sua comunidade. Eles são fundamentais neste movimento de valorização da cultura nacional entre os jovens.


Streetwear made in China


O movimento de orgulho e autoconfiança domina o país, em uma fase de prosperidade na economia, que reflete em uma moda cheia de personalidade e união de elementos culturais. Neste cenário, o streetwear chinês mescla cultura jovem contemporânea com elementos antigos, como a estética da China Imperial e do taoísmo. Marcas de streetwear chinesas como Li-ning se destacam nesta tendência, com uma identidade forte e cheia de personalidade.


A Mukzin, uma marca chinesa especializada em roupas esportivas, fez sucesso na Shanghai Fashion Week (SS21) com uma nova coleção chamada Jia Long, que significa acessórios de cabelo feminino na cultura tibetana. A coleção uniu características do streetwear moderno com elementos tradicionais chineses.

Foto: Reprodução/Instagram @mukzin_official


A ascensão do Hanfu revela o que os jovens chineses esperam das marcas hoje, uma valorização da sua herança cultural, com o toque moderno e desconstruído, muito marcante na moda chinesa. Embora algumas marcas se esquivem em produzir peças Hanfu, a moda chinesa demonstra uma tendência mundial de valorização e harmonização da história com o moderno. O termo “汉洋折衷” significa o meio-termo entre os estilos chineses e ocidentais, e dita a moda atual na China, que se orgulha da sua tecnologia, sem esquecer da sua belíssima herança cultural.


Fonte: Lofficiel

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