Idolatrada por uns, rejeitada por outros. A moda sempre foi um assunto paradoxal quando pensamos em trazê-la para reflexão dentro de um contexto social e não somente reduzi-la, por muitas vezes de forma equivocada, ao ato de consumir.
Quem aqui não se lembra da passagem emblemática do filme O Diabo Veste Prada, quando a personagem Andy Sachs, uma jornalista inexperiente no segmento de moda, debocha da renomada diretora de redação Miranda Priestley por ficar em dúvida sobre qual cinto azul escolher para uma sessão de fotos?
A questão ali retratada é que o ‘tal azul’ não era um simples azul, mas era a cor que faria sentido para o leitor consumir naquela determinada estação. E que, por sinal, o azul ultrapassado que a jornalista usava em seu cardigã, no momento de desprezo da função alheia, foi determinado por líderes da indústria criativa da moda que estavam naquela sala de reunião de pauta. Curioso e irônico, não?
Moda é mais do que consumo
O motivo pelo qual tenta-se compreender pouco sobre a relevância da moda na sociedade é por tamanha e intensa efemeridade que lhe é inerente por natureza. A moda é a busca pela próxima novidade, pela nova forma de agir e se comportar, mostrando que, cada vez mais, podemos ser atuais e conectados com o tempo que vivemos.
Nos esquecemos por muitos momentos que é esse fenômeno social que nos permite construir a nossa identidade, nosso estilo de vida e dizer ao mundo quem somos, o que fazemos, qual é a tribo a que pertencemos e, até mesmo, quais causas ou gostos adotamos em nosso dia a dia. Quer fazer o teste? Não é de se estranhar que você pare diante do guarda-roupa para escolher qual seria a melhor combinação de peças para aquela entrevista do emprego tão desejado ou qual seria a melhor escolha para o casamento de um amigo querido, que exige um dress code específico.
Podemos ir além. A roupa de lazer num churrasco é diferente daquela que selecionamos para ir a uma reunião. Parece óbvio? Mas a organização social na qual vivemos é estabelecida pela adoção de vestimentas. O código social, assim como a nossa individualidade, é organizado por meio da indumentária.
Fonte: Sou de Algodão