Com mais de 140 anos de história e referência no mercado têxtil do país, a Cedro Têxtil nos presenteia com mais uma coleção jeanswear criada em meio ao período pandêmico, enfrentando diversas dificuldades como o próprio exercício da prática criativa e a execução dos processos.
Lançada no final de maio no Showroom da marca localizado em São Paulo, a coleção Sentidos relaciona a moda com a arte clássica como a de Botticelli, a desconstrução de Lygia Clark, entre outros artistas renomados.
Convidamos o estilista Eduardo Paixão para contar sobre os processos de criação da coleção desenvolvida por ele e pelas estilistas Isabela Albertini, Joanna Carrara e Carina Fonseca. Eduardo, natural de Gouveia (MG), é Técnico Têxtil formado pelo SENAI CETIQT do Rio de Janeiro, Designer de Moda pela UNA de Belo Horizonte e atua como estilista na Cedro a mais de 10 anos.
Foto: Eduardo Paixão no lançamento Sentidos em São Paulo (SP).
Eduardo, como surgiu a ideia para a criação da coleção Sentidos da Cedro?
A ideia da coleção Sentidos surgiu quando buscamos elementos familiares a todos, num momento de tantas incertezas e falta de direções como nessa pandemia. A arte, mesmo que tenha um certo bloqueio elitista na acepção geral, faz parte da vida de todos, mesmo que a maioria não perceba; elementos da imagem da arte são reconhecíveis, mesmo que uma pessoa nunca tenha ido a um museu. Muitos elementos estão no inconsciente coletivo. Somamos a isso tudo, artista que brincam com os sentidos como a mineira Lygia Clark, Abraham Palatnik, Victor Vasarely e Alexander Calder, além de reinterpretamos obras históricas de Botticelli e Manet. Dessa forma, a coleção nasce como uma obra onde as modelos são retratadas também como elementos de uma exposição de arte, compondo um cenário onde, em meio a toda a dor e sofrimento, floresce aquilo que o ser humano tem de mais sofisticado que é o poder da criação.
No seu ponto de vista, de que forma a moda se enquadra como objeto e/ou conceito de arte?
Moda pra mim, basicamente, é arte para se usar. É arte funcional. É muito difícil criar uma dissociação, mesmo que haja uma massificação da produção. E ambas, moda e arte, têm um caráter importante que é o de ser a expressão de seu tempo, são documentos de aspirações, desenvolvimentos, impressões e outros sentidos. É possível ler, através de ambas, o pensamento de um momento na história e até mesmo os desejos futuros. Dessa forma vejo essa relação entre as duas bastante simbiótica.
Como romper a ideia de que o jeans se limita às calças?
Romper essa ideia hoje em dia é muito mais fácil, pois a evolução tecnológica dos tecidos permite que não haja limitações. Mas cabe também aos criadores a proposição de novos caminhos, mostrar que o jeans pode ser muito mais. Pode ir das variações do vestuário a calçados, decoração, estofamentos, etc.
De que forma o momento pandêmico interferiu no processo de criação da nova coleção?
A pandemia impactou de várias formas, desde uma recessão do mercado, até a necessidade de criação remota. Mas fora essas questões práticas, o maior impacto foi na forma de comunicarmos nossa coleção. Queríamos que ela trouxesse otimismo, familiaridade, pois acima de tudo temos a esperança de que sairemos desse momento sombrio. Outro impacto importante foi ver o quanto pudemos otimizar uma série de processos criativos para minimizar riscos. O resultado foi bastante satisfatório, uma vez que tivemos um grande reconhecimento de clientes e também da imprensa especializada.
Para acessar o editorial completo da coleção e os fashionfilms, siga a página da Cedro Jeanswear pelo instagram clicando aqui!
Comments