Em mundo em que somos diariamente bombardeados por produtos, como consumir de maneira consciente? Alice Coy, editora-assistente de moda da Vogue, entrega as suas dicas.
Queria dizer que eu nunca fiz uma compra impulsiva que me levou ao arrependimento, mas eu estaria mentindo. A minha pior história de compulsão consumista foi quando, em uma liquidação daquelas com peças raras de acervo, eu encontrei um vestido verde da Proenza Schouler, arranquei ele da arara e passei o meu cartão sem pensar. Cheguei em casa, provei e... ficou pequeno. Muito pequeno, o zíper não fechava. Que ódio. A tal da peça viveu em um canto do meu armário sem ver a luz do dia por quatro anos. Era uma lembrança física da minha falta de autocontrole. Precisei de uma mudança de país para finalmente decretar derrota e colocá-lo em um site de revenda.
É horrível essa sensação, afinal, ninguém gosta de gastar dinheiro à toa e nem de sentir que não se conhece a ponto de adquirir algo totalmente sem sentido. Mas, evitar as compras por impulso em um mundo onde somos diariamente bombardeados por produtos, e onde varejistas como a Shein oferecem preços escandalosamente baixos, não é tão fácil assim. Como fazer então para não cair nesse tipo de tentação?
Você pagaria o preço cheio?
De acordo com o Harvard Business Review, em uma situação estressante (como uma venda com peças muito únicas ou com preços muito baixos) é difícil tomar decisões ponderadas e racionais. É por isso que tantas compras impulsivas acontecem em liquidações. Isso não significa que você precise evitar completamente as promoções, mas sim prosseguir com cautela. Uma boa dica ao comprar algo com desconto e perguntar a si mesmo se você pagaria o preço cheio. Levar algo só porque aquilo está barato é um caminho certo para o arrependimento.
Quem guarda, tem!
Além disso, evito ao máximo comprar uma roupa para uma determinada situação. Esse é um truque que aprendi observando a minha mãe, que é adepta desta prática. Funciona assim: ao invés de chegar na véspera de uma festa, perceber que não tenho roupa, e correr para uma loja em busca de algo, fico de olhos abertos o ano todo, e quando encontro algo especial, levo para casa e guardo para o momento certo. Claro, você precisa ser realista dos tipos de ambientes que frequenta, mas, deste jeito é muito mais garantido que tudo o que entra no seu armário é de fato um item que você ama, e não algo que você adquiriu em um momento de pressão.
A paciência é uma virtude
A paciência tem um papel interessante nas boas compras – são raras as vezes que eu vejo um item e o levo de cara. Ao menos que eu não possa voltar na loja depois ou comprá-lo online, prefiro sempre esperar um pouco. Podem ser dias, semanas ou meses, mas esse tempo serve para entender se de fato amei muito aquela peça. Eu me pergunto como ela vai se integrar a minha realidade; com quantos itens do meu armário ela combina; se já tenho algo parecido; se eu levaria esse item em uma viagem; se me imagino usando isto daqui a cinco anos. Gosto de fazer listas de compras no bloco de notas do meu celular e ir amadurecendo minhas escolhas sem pressa. Muitas coisas não passam pela triagem do tempo.
Sem companhia e bem-humorada
Além disso, prefiro ir as compras sozinha pois sei que assim tenho menos chance de ser influenciada, e evito comprar quando estou triste ou entediada, já que isso pode ser uma tentativa de preencher uma lacuna emocional. Nesse caso, melhor ligar para uma amiga, sair para jantar, ou ir ao cinema. O estrago será menor.
Fonte: Vogue, Alice Coy.
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