Ah o denim! O que seria dos nossos looks se não fosse ele? Antes de se tornar símbolo da juventude, o jeans inicialmente era usado como uniforme para os trabalhadores braçais, entre as suas qualidades se destacavam a durabilidade e a resistência.
Os jovens, que até então se vestiam formalmente como os seus pais, buscaram nas ruas novas referências de moda e comportamento, queriam algo que desse voz aos seus sentimentos, que fosse ousado e moderno. Todas essas características foram encontradas no jeans, entre os anos 50 e 60.
Marlon Brando e James Dean ajudaram a consolidar a tendência, era a primeira vez que a juventude real era retratada no cinema e na mídia. Dessa forma o jeans não se tornou apenas global, mas atemporal.
Para falar sobre o denim convidamos o consultor Marcos Feres, especialista no assunto. Marcos já trabalhou como assistente de estilo na Fábrica Bangu, estilista na Cia. Renascença, desenvolvimento de lavanderia na Cedro Têxtil, entre muitas outras empresas do setor têxtil.
Foto: Arquivo pessoal Marcos Feres.
Considerando o momento de pandemia e a expectativa criada sobre o conceito da “nova realidade”, quais mudanças podem ser consideradas dentro do mercado têxtil?
Basta ver os rios e mares, com essa quarentena as águas se tornaram mais cristalinas e o ar mais limpo. Muitas indústrias estão realizando o tratamento de efluentes provenientes de lavanderia industrial para lavagens do jeans, reaproveitando parte da água e devolvendo o resto limpo para os rios.
Quais as consequências do denim em meio a essa fase?
Falando de lavanderia, é possível identificar as dificuldades no tratamento para se trabalhar o denim, os processos no uso do permanganato na lavanderia são muito pesados pois o mesmo pode causar doenças. O permanganato é diluído com água e aplicado com pistolas iguais as de pintura, o gás causa muito desconforto mesmo estando com máscara e o efeito que causa na peça é um clareamento localizado. Hoje já existem máquinas a lazer que fazem esse mesmo trabalho com excelentes acabamentos, substituindo processos químicos que agridem o meio ambiente e protege a saúde do técnico especializado.
De onde surgiram os processos de lavanderia?
As lavagens em lavanderia nasceram a partir de um erro milionário de Cone Mills (empresa têxtil fundada em 1895 na Carolina do Norte) ao errar um produto químico jogado na máquina que lavava os tecidos, surgindo assim o desbotado. Em 1987 veio a criação do Banana Republic e o uso de areia no processo de used (desgaste da peça). Ao longo da história outras marcas e eventos foram surgindo e, junto deles, novos efeitos e experimentos em peças.
Podemos esperar por novidades no setor de criação dos tecidos?
Sempre, podemos contar com os tecidos ecológicos, o índigo em suas gramaturas e construções cada vez mais interessantes.
Houve mudanças no processo da criação do tecido até a confecção final das peças?
Sim. Cada tecido tem sua identidade e é desenvolvido para cada tipo de peça a ser confeccionada. Normalmente tecidos leves e fluídos são pensados para partes de cima como camisarias e vestidos, tecidos pesados e estruturados são feitos para atender calças, bermudas e demais partes de baixo.
Nossa segunda parte da entrevista com o Marcos Feres chega no site na próxima semana e vamos dar continuidade no assunto falando sobre a aplicação de um efeito sobre o denim que marcou os figurinos do Woodstock e agora voltou com tudo! Já deu para adivinhar?
Matéria: Carina Fonsc
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