Para combater a crueldade animal, os amigos Adrián López Velarde e Marte Cázarez desenvolveram a marca Desserto, empresa fabricante da pele de cacto orgânica. O tecido dos mexicanos é parecido com um couro, porém não maltrata os animais nem as plantas, pois as partes utilizadas no processo são apenas as maduras.
Foto: Desserto / Reprodução.
O couro de cacto é um material de base biológica e possui durabilidade mínima de 10 anos. Conhecido por sua respirabilidade, diferentemente de outros tipos de couro vegano, o material pode ser utilizado na confecção de bolsas, móveis, sapatos, e peças de vestuário.
O material é feito a partir das folhas de um tipo específico de cacto, o opuntia ficus-indica, também conhecido por Figueira da Índia, que é abundante no México. Após a extração das folhas, elas são limpas, esmagadas e deixadas no Sol para secar por pelo menos três dias. Quando estão secas, as fibras são separadas e a proteína da planta é extraída e utilizada para fazer a confecção de uma bio-resina líquida. Essa resina é despejada em um material de suporte e misturada com outros ingredientes, como algodão ou poliéster, para que vire o couro de cacto.
Sustentabilidade
O couro de cacto é vegano, ou seja, não é de origem animal e não conta com o sofrimento de bois, vacas e outras espécies que são usadas na indústria da moda por suas peles. Além disso, o cultivo do cacto utilizado na fabricação de couro é de baixa manutenção e não exige muitos recursos naturais.
Foto: Desserto / Reprodução.
Os cactos, em geral, não precisam de muita água para crescer por sua habilidade de reter umidade. O cacto Figueira da Índia, utilizado na confecção de couro de cacto, não é exceção e não precisa de água nem pesticidas no seu cultivo, além de crescer relativamente rápido. A extração das folhas do cacto não danificam a planta, o que possibilita uma colheita longa que pode durar de seis a oito meses. Apenas três folhas são responsáveis por cerca de um metro de couro de cacto. Esse cacto especificamente também é resistente. No entanto, essa resistência também fez com que ele fosse considerado uma espécie invasiva em algumas áreas do mundo, como na Etiópia.
Por outro lado, o cacto “base” do couro de cacto também possui a capacidade de sequestrar carbono do ar. Ou seja, puxa o CO2 do ar e o armazena no solo, que é benéfico tanto para o ar atmosférico quanto para o solo em questão, que é enriquecido e torna-se fértil.
Foto: Desserto / Reprodução.
Futuro do couro
A marca Desserto, dona do patente do couro de cacto, não confecciona produtos a partir do material, e sim o comercializa para outras empresas para que possam usufruir de seu uso. Por ser mais natural e menos impactante que outros tipos de couro vegano, que normalmente são derivados do plástico, a alternativa é mais sustentável e pode fazer parte da revolução verde da moda.
Outros avanços são necessários na sustentabilidade dessas marcas. Portanto, o couro de cacto pode ser a inovação utilizada no futuro do mercado têxtil.
Fonte: Ecycle
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