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Entrevista: Maria Adelina, Engenheira Química e Técnica Têxtil


Com um currículo recheado de experiência, Maria Adelina Pereira é professora universitária, consultora técnica, engenheira e coordenadora de pós graduação em Química Têxtil na FATEC AM de São Paulo. Em uma breve entrevista, Adelina relata os desafios da adaptação do mercado têxtil quanto as exigências sustentáveis dos novos consumidores e quais as suas previsões pessoais para o mercado futuro da moda.


Qual o seu maior desafio trabalhando na área Têxtil?

Fazer com que as empresas do setor consigam envolver seus funcionários para permanecerem em seus cargos por interesse em crescer na área e não buscarem continuamente por oportunidades em outros segmentos industriais que remuneram melhor e tem condições de saúde menos agressivas ou menos extenuantes. Mas é apaixonante transformar algo tão ínfimo como fibras em obras de artes para o corpo.


Como você vê o mercado da Moda futuramente?

Tenho esperança de que a moda trate as roupas e acessórios como segunda pele mesmo, como via de comunicação, como exteriorização do seu “EU” e com isso a valorização da peça para podermos remunerar melhor toda a cadeia e contar com pessoas felizes trabalhando nessa nobre atividade de proteger , melhorar a autoestima, oferecer funções de melhoria de desempenho tais como roupas aplicação de nanotecnologias. Lógico, com respeito ao meio ambiente físico e o social.


Sobre a nova geração de consumidores, quais características se destacam na escolha de um produto ou uma marca?

Muitos estão ecologicamente conscientes e suas escolhas estão voltadas para marcas que tenham compromisso com a sustentabilidade, empresas que atendam o compliance e tenham comportamentos éticos comprovados e certificados, não apenas declarados “legais” pelo marketing sem um certificado ou credibilidade, não pega. Marcas que cometem erros, são envolvidas em escândalos de abuso de mão de obra, poluição, entre outros, agora correm grande risco de sumirem pela pior multa de todas: abando de seus consumidores. Nosso consumidor mais jovem vem contaminando os mais velhos, são exigentes e comprometidos, sem dúvidas. São consumidores que preferem comprar qualidade e durabilidade , mesmo que seja para trocar depois ou doar, mas que a peça dure e não se encaminhe para os aterros sanitários e perturbem a ordem ambiental.



Quais são os primeiros passos para o mercado da moda caminhar para a sustentabilidade?

Várias iniciativas, felizmente, estão caminhando e ganhando espaço, exemplo do fio de garrafas pet, fibras de enchimento produzidas a partir de garrafas pet, a Tecelagem Ecossimple fazendo tecidos maravilhosos com fios de retalhos desfibrados e outras empresas de tecidos para estofados que utilizam dos materiais reciclados. O futuro está aí, o respeito ao meio ambiente está acontecendo, precisamos insistir que isso ocorra também com a mão de obra, digo : colaboradores. Temos que respeitar o trabalhador, respeitar a saúde emocional , oferecer educação para o trabalho e para o crescimento da empresa, gerando não só uma relação trabalhista respeitosa, mas uma parceria pelo crescimento humano de todos.

Quais as mudanças significativas do mercado têxtil quanto aos impactos ao meio ambiente?

Reaproveitamento de retalhos. Logística reversas entre tecelagem , confecção e fiação. Normas técnicas eficazes para diminuir o impacto de substâncias danosas a quem aplica, a quem usa e ao meio ambiente. Norma de controle de corantes detectados como alergênicos. Alternativas de reaproveitamento de retalhos e de roupas usadas, a exemplo de uniformes profissionais. Reaproveitamento de garrafas pet para se transformarem em fios. Aproveitamento de fibras para fins de construção, tais como compostos de concreto com retalhos ou desfibrados. Produção mais limpa com efluentes líquidos menos carregados de substâncias danosas. Aplicação de orientação aos empresários para comportamentos de acordo com a lei e não a multa sem apoio orientativo. Parceria de orgãos governamentais com empresas para destinação correta de lixos que não podem ir para o aterro sanitário.

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