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Estilismo: Carreira e Mercado


Entre todas as áreas que envolvem o mercado profissional da moda, o estilismo é um dos pioneiros para estudantes que buscam cursar Design de Moda n as universidades. Mas quais são as funções de um estilista? Ao contrário do que muitos acreditam, um estilista possui outras responsabilidades além da direção criativa e desenvolvimento de coleções.


Convidamos a estilista e designer de moda Hanny Duchini para contar sobre o início de sua carreira, as dificuldades e dicas de aprendizado para quem quer seguir os mesmos passos.


Hanny é mineira de Belo Horizonte, formada em Design de Moda pela Universidade FUMEC, iniciou sua carreira como estilista em 2017 na Cedro Têxtil. Em 2019 deixou seu cargo para participar do programa de trainee de produto da Lojas Renner S.A, atuando hoje como Buyer/Compradora de uma das linhas da Renner.


Quando surgiu o seu interesse pelo Design de Moda?

Meu interesse surgiu na adolescência, principalmente por causa de livros, teatro e filmes, em especial os musicais. Eu era bailarina e adorava a possibilidade de ser outra pessoa ou de contar histórias quando me vestia. A mesma coisa acontecia com os livros: eu amava a descrição detalhada do que vestiam e de como eram. A minha mãe também me inspirou: ela sempre foi uma mulher poderosa em cima de saltos altos e usando um terninho. A moda tem um poder de comunicação incrível.

Foto: Reprodução Pinterest


O que faz um Estilista?

De modo geral acho que um estilista é aquele que traduz o espírito do tempo e interpreta os comportamentos. A partir disso, ele desenvolve produtos que são a manifestação física desse espírito e desse comportamento. Acredito que o estilista deve olhar para 3 linhas do tempo diferentes: o passado, porque a história é fundamental. O presente para entender para quem ele está criando. E o futuro, para saber para onde estamos caminhando.


Quais os maiores desafios enfrentados na área?

Acredito que são vários os desafios: começar na área é difícil e experiência é fundamental para crescer na carreira. Além de criar, é necessário ter conhecimentos em modelagem, costura, processos de lavanderia, tingimento ou estamparia. Ser esse profissional multidisciplinar e que sabe dialogar com várias áreas é desafiador. Manter-se criativo diante de tantos desafios da indústria e da constante renovação de tendências também exige dedicação.


É necessário algum conhecimento específico para atuar como Estilista?

Sim. Além de entender de processo criativo e captura de tendências, é importante que um estilista conheça os aspectos técnicos de produção de uma peça: tecnologia têxtil, modelagem, costura, estamparia, lavanderia, tingimento, entre outros. Esse profissional não precisa ser referência nesses tópicos, mas precisa saber o mínimo para dialogar com as áreas que vão concretizar aquilo que está no papel. Parafraseando alguns professor da faculdade: o papel aceita tudo. E também acredito que um estilista precisa entender de mercado e números. Essa parte é fundamental porque ele está criando um produto para ser vendido e ele precisa entender o que o cliente busca, o quanto está disposto a pagar, qual a percepção de valor aquele produto tem e qual o tamanho do mercado para o qual está criando.

Descreva a rotina de criação e demais processos que envolvem a profissão:

O estilista começa com a captura de tendências: não apenas daquilo que está na passarela, no instagram e nas ruas. Ele olha para política, para a sociedade, para o momento econômico, para a história. Tudo isso constrói a história do "espírito que está emergindo”. O estilista também tem em mente para quem ele está criando: como esse cliente vai consumir essa tendência? A partir disso, ele traduz essa captura através de uma cartela de cor, modelagens e matéria prima. Ele, junto com sua equipe, define o número de modelos dessa coleção. As peças são desenhadas, modeladas, pilotadas e ajustadas. Mesmo que o estilista não seja responsável pela questão de custo de produção, é importante que ele esteja atento para sugerir alternativas que viabilizem o produto dentro de um tempo hábil e de uma margem saudável para a empresa.

Qual caminho o designer novo no mercado deve trilhar para trabalhar na área?

Entender bem a parte técnica é um diferencial: saber modelagem e costura impacta muito na qualidade do trabalho. Mas eu diria que mais do que isso é tirar aquela ideia de que uma pessoa criativa não entende de números, de vendas e fica trancada dentro de uma sala sem contato com seu cliente. A venda vai te dizer se o seu produto está funcionando ou não, se tem aceitação. Por mais que a gente goste de tendências, cada público vai aceitar consumir essa tendência de uma forma diferente. E o estilista não está criando só para ele e para pessoas com o mesmo gosto dele. Os números vão ajudar a tomar decisões mais assertivas sobre a concepção do produto: o cliente pagaria a mais por determinada matéria prima ou acabamento? O cliente está buscando mais saias ou calças em determinada época? Aquele fornecedor deixa uma margem melhor então consigo melhorar a qualidade do produto sem aumentar o preço de venda? Não é necessário ser um expert, mas ficar confortável com esses tópicos vai ajudar a trocar melhor com a equipe e a desenvolver um produto realmente desejo.


Para acompanhar mais sobre o trabalho desenvolvido pela Hanny ou entrar em contato, acesse seu perfil pelo IG @hannuduch.


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