top of page

Figurino, uma extensão do mercado de Moda


Quantas vezes não nos impressionamos com figurinos incríveis em filmes, séries ou espetáculos? Extensão da moda, o figurino comunica diversas informações sobre os seus personagens através da combinação de peças, incluindo sua época, nacionalidade, contexto histórico, espaço geográfico, classe social, etc.


Grandes premiações como o Oscar, maior evento cinematográfico do mundo, reconhecem os melhores profissionais da área com estatuetas de Melhor Figurino. Ainda que tímida, a profissão tem crescido no mercado audiovisual e exige do profissional investimentos em pesquisas e imersões.


Para exercer a profissão de figurinista não é necessária a formação em Design de Moda, mas ambas as áreas se conectam. A criação de um figurino parte do trabalho em equipe de uma produção composta por Diretor Geral, Diretor de Arte, Cenógrafa e Beauty Artist; todos alinhados quanto o perfil dos personagens e o roteiro contemplado.


Para contar sobre o dia-a-dia da profissão, convidamos a figurinista Alzira Calhau. Alzira, ou Ziza, é natural de Belo Horizonte (MG), formou-se em Design de Moda pela Universidade FUMEC (BH) e completou sua pós-graduação em Gestão do Design pela UEMG (BH). De assistente de produção e estilo à vencedora de concurso internacional, a carreira de Ziza é marcada por grandes produções no audiovisual.

Como surgiu o seu envolvimento com a Moda?

Genética. Minha avó era costureira sob medida e minha mãe tinha uma confecção, ambiente em que fui criada. Eu tinha certeza que seria psicóloga, até fazer um teste vocacional no ensino médio que me direcionou para a área de Moda. Hoje, fazendo figurino, vejo o quanto aa psicologia e o design estão interligados.


Quais foram os primeiros passos que a fizeram entrar para o universo do Figurino?

Através do network. Dificilmente nossos sonhos serão realizados se não conhecermos pessoas que nos abram algumas (ou várias) portas. Na verdade eu nunca escolhi uma área da moda expecífica para trabalhar. Durante o curso na Fumec eu topava todos os projetos que me chamavam, internos ou externos, e às vezes eu até criava meus próprios projetos com meus amigos e sob a supervisão de professores queridos. Tudo era novo e delicioso. A "chavinha" realmente virou quando fiz uma produção para uma maquiadora que tinha o contato de um figurinista, o mesmo me convidou para trabalhar em projetos de publicidade após ter visto uma foto do projeto que criei. Além disso, também abri portas dentro do mercado cinematográfico e de videoclipes.


Qual a diferença entre Moda Fashion e Figurino?

A moda fashion tem compromisso com uma coleção criada para aquela estação, pensada e planejada por meses, focada nas tendências e no mercado. O principal foco do figurino é contar uma história onde podemos usar verde, mesmo se não for o Pantone da vez. Cintura baixa, gola alta, colete, mesmo se a influencer do momento não tiver nenhum post vestida assim. O objetivo não é vender uma peça, mas uma narrativa.

Quais processos envolvem a criação de um Figurino a partir do personagem?

O primeiro passo depois do briefing e da decupagem do roteiro (que seria entender o projeto) é o laboratório. Dificilmente você vai conseguir criar um look sem entender onde aquele personagem vive, seus amigos, sua profissão, seu humor. Por exemplo, um detalhe sobre a alimentação é uma informação que muda totalmente um guarda-roupas se o personagem for vegano, isso pode resumir um lifestyle. É claro que esse é um processo mais complexo nos filmes. Nos videoclipes e nas publicidade os roteiros são menores, com menos elenco e menor tempo de exibição, usamos muito os recursos das cartelas de cores e das peças-chaves para cada personagem. O segundo passo é a execução, que vai depender da sua ideia. Você pode executar um figurino desde uma loja de departamento até com uma costureira. O terceiro é entender que tudo pode mudar dentro de um projeto e você precisa ter cartas na manga para lidar com diversas situações.



É necessária uma formação para seguir profissionalmente a carreira de Figurinista?

Não, mas acredito que na faculdade, cursos, workshops você se aproxima de pessoas que podem fortalecer suas redes de contato.


Quais foram seus maiores desafios enfrentados como Figurinista?

Depois do desafio de entrar no mercado, foi criar meu acervo. Nem sempre temos tempo de mandar fazer uma peça ou nem sempre vamos encontrá-la disponível nas lojas. Aprendi a garimpar peças em viagens, brechós, liquidações e ter meu próprio acervo. Isso aumentou muito meu número de trabalhos, principalmente aqueles de última hora. Ter contatos com outros acervos deixa essa rede ainda mais rica.






142 visualizações0 comentário

Comentarios


bottom of page