Produtos em fibras sintéticas estão em alta na moda por várias razões. Primeiramente, essas fibras são duráveis e resistentes, o que prolonga a vida útil das roupas. Além disso, muitas delas, como o poliéster e o nylon, são leves, secam rapidamente e são fáceis de cuidar, tornando-as práticas para o dia a dia, visto que a rotina das pessoas está cada vez mais acelerada. Outro motivo muito significativo do uso das fibras sintéticas é a capacidade de criar tecidos com características tecnológicas específicas, como resistência à água, elasticidade ou proteção UV, o que torna as roupas mais funcionais para diferentes atividades e necessidades.
Foto: Repodução/Wix Imagens
Para avaliarmos, de forma geral, o lugar que as fibras sintéticas ocupam no mercado contemporâneo e quais são os pontos positivos e negativos dessa produção/consumo, precisamos compreender exatamente do que se trata essa fibra, a forma como elas são produzidas, com qual finalidade são produzidas, suas características gerais e como o meio ambiente as recebe após seu descarte.
As fibras sintéticas fazem parte do grupo de fibras químicas denominadas man made ("feita pelo homem"), são produzidas a partir de substâncias muito simples: monômeros, que, por meio de repetidas reações químicas, produzem inúmeros polímeros com propriedades diferenciadas. Os filamentos sintéticos são produzidos pela extrusão (saída forçada/expulsão) de solução de polímeros passando através de uma fieira e coagulando com ar seco ou úmido.
Foto: Rotas de produção de fibras sintéticas / www.abrafas.org.br
A indústria têxtil usa apenas os polímeros que apresentam características necessárias para uma fibra têxtil: resistência ao uso, resiliência (elasticidade), retenção da forma e resistência aos agentes atmosféricos.
As principais características das fibras sintéticas são:
Elevado grau de resiliência
Resistência a agentes externos, como mofo e traça
Forma estável
Baixo poder de absorção de líquidos
Algumas das características negativas são:
Possibilidade de provocar alergia em contato com a pele
Não absorção de suor, provocando incomodo, abafamento e as vezes até mal odor
Queimam facilmente e sua chama é de difícil extinção, por isso são perigosas se usadas na confecção de roupas para idosos e crianças, bem como na decoração de locais públicos
A maioria dessas fibras não são biodegradáveis, apesar de algumas já estarem sendo tratadas com solventes (que são removidos após a extrusão e facilitam a biodegradabilidade), ainda são grande parte do lixo ao céu aberto que o mundo produz incontrolavelmente e que dificilmente será decomposto sem afetar o meio ambiente.
Foto: Peça de roupa feita a partir de material têxtil sintético (Reprodução/Google Imagens)
As fibras sintéticas se dividem em cinco tipos:
POLIOLEFÍNICAS - Fibras muito macias e leves, produzidas em fios ou em flocos. O fio é utilizado para fabricação de cordame e rede de pesca; os flocos são usados para malharia, tapetes e cobertores
ACRÍLICAS - São fibras caracterizadas pelo alto grau de retenção do ar. São produzidas em flocos como substitutas da lã ou em fio para a produção de tecido do tipo seríceo (superfície ou estrutura coberta densamente por pelos (tricomas) muito finos que se dispõem deitados sobre estas, proporcionando textura macia e aspecto visual brilhante, semelhante à seda). Exemplos: Orlon, Acrilan, Dralon.
POLIAMÍDICAS - O nylon é a fibra poliamídica mais conhecida, por ter um uso abrangente nos setores mecânico e plástico. Essas fibras podem ser usadas na produção de meias femininas (tipo meias calças, meias finas) e paraquedas. Outras fibras poliamídicas conhecidas são: Rilsan e Ortalion.
POLIÉSTERES - Utilizadas com outras fibras naturais para exaltar as características dessas fibras. Terital é a fibra mais conhecida desse grupo, outras denominações são: Trevira CS, Dacron e Fidion.
POLIVINÍLICAS - Utilizadas em flocos ou misturadas com a lã na produção de roupas quentes e macias. Uma fibra polivinílica famosa é o Teflon, outras denominações são: Saran e Leavil.
A produção em larga escala dessas fibras permite preços mais acessíveis, o que - no mercado têxtil de moda - torna as roupas mais acessíveis ao consumidor. Contudo, é importante lembrar que a sustentabilidade é uma preocupação crescente, e muitas marcas estão buscando alternativas mais ecológicas, como fibras recicladas ou naturais.
Quando fibras têxteis sintéticas, como poliéster e nylon, são descartadas, elas podem causar vários impactos negativos no meio ambiente. Esses materiais, que são derivados do petróleo, não se biodegradam facilmente, levando centenas de anos para se decompor. Aqui estão algumas maneiras pelas quais o meio ambiente é afetado:
Acúmulo em aterros: Fibras sintéticas que vão para aterros sanitários se acumulam, ocupando espaço e liberando substâncias químicas no solo e na água.
Microplásticos: Durante o uso e a lavagem de roupas sintéticas, essas fibras podem se soltar e entrar nos sistemas de água, transformando-se em microplásticos que contaminam oceanos e rios, prejudicando a vida marinha e a cadeia alimentar.
Poluição da água: A produção de fibras sintéticas envolve processos químicos que podem resultar em efluentes poluentes, afetando a qualidade da água.
Recursos não renováveis: A fabricação de fibras sintéticas consome recursos fósseis, contribuindo para a exaustão de recursos naturais e para a mudança climática.
Efeito na fauna: Animais que ingerem microplásticos podem sofrer danos à saúde, impactando ecossistemas inteiros.
Foto: Lixão têxtil - Fashion Revolution (Reprodução/Instagram)
Por essas razões, é fundamental considerar alternativas mais sustentáveis, como fibras naturais ou processos de reciclagem e reutilização de tecidos, para que este caminho de grande produção de materiais têxteis sintéticos seja uma boa escolha para a indústria, para o meio ambiente e para a humanidade.
Adaptar o uso de fibras sintéticas para um comportamento mais sustentável envolve algumas estratégias:
Escolher fibras recicladas: Procure roupas feitas com poliéster reciclado ou outras fibras sintéticas que tenham sido reprocessadas. Isso reduz a demanda por novas matérias-primas.
Investir em qualidade: Opte por peças de alta qualidade que sejam duráveis, diminuindo a necessidade de reposições frequentes.
Cuidado adequado: Lave as roupas em água fria e evite secadoras, quando possível. Isso não apenas preserva o tecido, mas também economiza energia.
Reduzir o uso: Limite a quantidade de roupas sintéticas que você compra. Prefira um guarda-roupa cápsula com peças versáteis.
Reciclagem: Ao se desfazer de roupas, busque opções de reciclagem ou doação, em vez de jogar no lixo.
Apoiar marcas sustentáveis: Escolha marcas que adotam práticas sustentáveis, como uso de materiais reciclados, produção ética e transparência em suas cadeias de suprimento.
Educação sobre microfibras: Use bolsas de lavagem que capturam microfibras durante a lavagem, ajudando a prevenir a poluição dos oceanos.
Com essas ações, você pode aproveitar as vantagens das fibras sintéticas enquanto minimiza seu impacto ambiental.
Foto: Ilustração processo de reciclagem de resíduos têxteis (Reprodução/Pinterest)
Fonte: Livro Moda 360º Design, matéria-prima e produção para o mercado global - Ilce Liger / Precisamos falar sobre lixo têxtil - Site Steal The Look / Site Fashion Revolution / Site ABRAFAS
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