Há milhares de anos, os tingimentos de fibras, fios e tecidos eram realizados por plantas com poder de colorir o algodão, por exemplo. Porém, com a criação dos pigmentos sintéticos no século XIX, os corantes naturais foram praticamente extintos, prevalecendo a agilidade, facilidade, acurácia e alta disponibilidade sobre o processo de tingimento natural.
Com o despertar da humanidade para questões climáticas e sustentáveis, houve uma busca por processos e insumos mais amigáveis ao meio ambiente. Esse movimento gerou no mercado têxtil um retorno a práticas antigas de tingimento com uso de insumos naturais.
Degradação ambiental voltou a atenção aos métodos antigos
Durante o processo de tingimento industrial em uma fábrica têxtil, várias etapas podem ser causadoras de degradação ambiental, caso alguns cuidados não sejam tomados.
Por sua vez, a inovação pode ocorrer no processo de produção, incentivando o uso mais eficiente dos insumos químicos e da água, por exemplo. Ou ainda no uso de insumos menos poluentes, como é o caso dos corantes naturais provenientes de flores, folhas, sementes e frutos.
Assim como no processo de tingimento químico, os corantes naturais também precisam ter afinidade com a fibra que receberá a cor. Além disso, é comum também o uso de mordentes para aumentar a absorção do corante na fibra, aumentando assim a vivacidade, uniformidade e durabilidade da cor no tecido.
A função dos mordentes no tingimento natural de tecidos
O mordente é uma substância associada ao tingimento com a função específica de manter a durabilidade da cor, conferindo maior resistência às lavagens e exposição ao sol. Pode ser de origem vegetal, como o tanino (substância extraída da casca de algumas plantas) ou mineral como sais de crómio o alúmen (pedra-ume).
Dentre os mordentes naturais podemos citar o sal, o vinagre e até cinzas de madeira como exemplo. Vale lembrar que este processo pode causar a alteração no resultado final de cor, sendo necessário o desenvolvimento da receita de tingimento para reprodutibilidade com os mesmos insumos, na intenção de mitigar a variação da tonalidade resultante do processo.
Dependendo da cor desejada, existem alguns vegetais que podem ser usados como corante natural, por exemplo:
Amarelo: cascas de cebola para um tom mais claro ou laranja para um tom mais escuro
Amarelo, laranja ou mostarda: urucum, cúrcuma ou açafrão
Azul: repolho roxo
Cinza claro ou chumbo: folhas de eucalipto e cascas diversas
Cinza: casca de romã
Índigo: feijão preto
Marrom: chá preto e café
Rosa: hibisco
Roxo: casca de jabuticaba
Verde musgo ou desbotado: folhas secas
Verde: espinafre
Vermelho: beterraba
Vale lembrar que o Brasil possui um dos mais ricos e variados sistemas florestais do planeta. Portanto, é preciso saber usar esta riqueza natural de modo prático e autossustentável, tirando das nossas árvores, em suas flores, frutos, cascas e folhas, as mais variadas cores para aplicá-las no dia-a-dia da produção artesanal e industrial.
Fonte: Sou de Algodão
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