Muito se fala sobre as necessidades básicas do homem como alimento, água, higiene, um lar e a moda. Sim, a moda. O conceito de moda sempre foi voltado para um olhar fútil do consumo e do excesso, mas pouco se fala sobre a necessidade de se vestir como forma de sobrevivência. A moda nos veste como uma segunda pele, uma proteção, casulo; é quem nos aquece no frio, protege dos raios solares, nos conforta.
Pensando na importância e infinidade do assunto, criamos o Versi Têxtil, com o intuito de compartilhar conhecimentos da área com acessibilidade e responsabilidade de diversos profissionais envolvidos nas pesquisas, entrevistas e edições. Em nossa primeira matéria de comemoração dos quatro anos de plataforma, vamos falar sobre a forma que enxergamos a nossa área e quais reflexões contribuem para que possamos promover as mudanças que correspondem ao nosso tempo.
Inclusão e acessibilidade é um dever de quem cria! Desconsiderar o poder de compra de pessoas com deficiência física, medidas fora do padrão ou minorias que não participam das pesquisas de público alvo é como dar um tiro no pé. Há muita dificuldade de encontrar peças que se encaixem nesses corpos, que sejam pensadas para esses corpos. Algumas marcas valorizam e dão protagonismo a esses recortes e essas características, mas ainda assim existe desigualdade quando se fala em preços e gênero.
A mídia é definitivamente mais centrada em corpos femininos, fruto da objetificação e padronização de estereótipos, que dificultam a representatividade de pessoas que não se encaixam no padrão. Isso reflete em exclusão desde o início da produção de vestuários, produzindo peças sem democratização de tamanho e modelo, baseando-se em apenas um grupo de pessoas. A moda sem gênero – ou genderless – está ganhando cada vez mais espaço, e propõe uma solução viável para a valorização da individualidade de todas as pessoas.
Existem diversos motivos para justificar o porquê de a representatividade ser tão importante para grupos minoritários. Ter uma pessoa fora dos padrões estéticos que tanto foram impostos à sociedade servindo de modelo, desfilando em passarelas, é o início de uma mudança muito importante. Afinal, a moda não é para todas as pessoas? Por que teríamos de nos adequar?
Felizmente, hoje vemos diversas empresas de todos os setores do mercado buscando por diversidade e inclusão. A moda, enquanto retrato do nosso tempo, tem o dever de seguir este caminho, de respeitar as diferenças de corpos, aceitar a diversidade da nossa sociedade e deixar para trás idealizações de perfeições quando se fala do próprio ser humano, movido a acertos e, principalmente, a erros.
*Agradecemos imensamente a todos que nos acompanharam ao longo dos nossos quatro anos, em especial ao Prof. Ney Róblis que idealizou esse projeto incrível, a Jade Britto que deu forma e vida a nossa plataforma através de várias pesquisas e muita dedicação e a editoria Carina Fonsc que assumiu a três anos o site e sempre se propõe a buscar por conteúdos informativos!
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