Condições climáticas extremas, agitação política e desafios econômicos estão impactando a indústria do algodão. Nesta matéria, conheça as melhores práticas de aquisição e desenvolvimento de versões sustentáveis de algodão.
O calor, a seca e as inundações estão afetando a produção de algodão, fazendo os preços dispararem e aumentando os riscos financeiros para a indústria da moda e para os produtores. Em 2022, a Índia teve que importar algodão por conta do excesso de chuvas, 40% da colheita do Paquistão foi danificada pelas inundações. No Brasil, o calor e a seca reduziram a produção em 30%, algo parecido com o que ocorreu na China e nos EUA, na região do Texas.
O algodão compõe um terço das fibras têxteis usadas anualmente, e sua produção é a principal fonte de renda de mais de 350 milhões de pessoas no mundo todo, portanto, marcas e varejistas deveriam investir em cadeias de produção regenerativas, programas de reciclagem e estratégias circulares. Para isso, é preciso analisar dois aspectos:
Fibras regenerativas: a conversão para o algodão regenerativo vai exigir tempo, esforço e dinheiro, mas é a maneira mais eficiente de desenvolver uma cadeia de produção viável e imune à crise climática a longo prazo.
Fibras celulósicas sintéticas: conhecidas como MMCs (sigla em inglês para 'Man Made Cellulosics'), essas fibras devem desbancar o algodão no futuro, junto com o poliéster. Além de sustentável e ecológica, a reutilização de resíduos de algodão é uma fonte de recursos valiosa para as fibras MMC.
Investir no algodão regenerativo pode ser o meio mais eficiente de combater a crise climática e garantir o futuro da matéria-prima. Os líderes da indústria estão investindo nos produtores, adotando um modelo regenerativo capaz de reduzir os efeitos da crise climática.
Para atender à demanda e se proteger da falta de abastecimento e da flutuação de preços, outra opção é investir em fibras compatíveis com o algodão para criar mesclas que promovam a economia circular. Além de circulares, as mesclas de algodão trazem uma proposta inovadora em termos de visual, toque e função.
Leveza e drapeado: crie mesclas com fibras celulósicas sintéticas (MMCs) quimicamente compatíveis com o algodão (que é uma fibra celulósica). Há muitos avanços sendo feitos nas MMCs por conta do investimento em usinas comerciais para a produção de fibras como o Lyocell. As MMCs podem ser usadas em malhas, jeans, tecidos para camisas, moda feminina e roupa íntima.
Conforto e informalidade: as fibras celulósicas naturais são úteis para a fabricação de mesclas, embora não sejam processadas como o algodão. O linho é macio e respirável, enquanto o cânhamo é resistente e durável e o rami é sedoso e absorvente. As mesclas funcionam bem para camisas, jaquetas, jeans, malhas e moda casual.
Maciez e respirabilidade: a adição de fibras de origem animal, como lã e cashmere, melhora a maciez, o conforto e a retenção da forma do tecido final. Utilize essas mesclas em tricôs, malhas, acessórios, moda ready to wear, jaquetas e alfaiataria.
A indústria do algodão está desenvolvendo cadeias de produção transparentes para rastrear a origem das fibras certificadas e coibir as práticas ruins. Para não ser alvo de greenwashing, garanta que o seu algodão orgânico seja verificado. Identifique as ferramentas de rastreamento e os fornecedores que melhor possam atender o seu modelo de negócio, e junte-se aos líderes da indústria para tornar essas soluções escaláveis.
Fonte: WGSN
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